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O Dia Seguinte


                                                                                                                    Moacyr Scliar
Se há alguma coisa importante neste mundo, dizia o marido, é uma empregada de confiança. A mulher concordava, satisfeita: realmente a empregada deles era de confiança absoluta. Até as compras fazia, tudo direitinho. Tão de confiança que eles não hesitavam em deixar-lhe a casa, quando viajavam.
Uma vez resolveram passar o fim de semana na praia. Como de costume a empregada ficaria. Nunca saía nos fins de semana, a moça. Empregada perfeita.
Foram. Quando já estavam quase chegando à orla marítima, ele se deu conta: tinham esquecido a chave da casa da praia. Não havia outro remédio. Tinham de voltar. Voltaram.
 Quando abriram a porta do apartamento,
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Este conto faz parte do livro: "Contos Reunidos" de Moacyr Scliar, disponível na Minibiblioteca da ArtManhas , foi enviado pela seguidora Ilza Landi que nos desafia a dar um final para ele no espaço destinado aos comentários. Veja, na próxima semana, como o autor o concluiu.
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Adele aceita o desafio de Ilza. Veja o final que criou:
O que viram? Inacreditável! Na sala dois rapazinhos, com copos de cerveja na mão, em frente ao aparelho de TV novinho que o marido comprara, comemoravam o gol do time preferido. Reconheceram neles os meninos da serviçal. Adentraram. Risos e um cheirinho convidativo os levaram para perto da piscina onde três crianças, os filhos menores da empregada, felizes da vida, davam mergulhos acompanhados do Flictz, o pet de Marina, sua filha mais velha que saíra de férias com os avós. Na grelha da churrasqueira uma fila de gominhos de linguiça toscana à espera de ávidos devoradores justificava o odor que os encaminhou até ali.
- Cacilda! O que é isso?-esbravejou a dona da casa quando, de dentro da sauna, saem a empregada com o robe da patroa e uma toalha enrolada na cabeça, e Jonas, com o roupão preferido de seu marido.
-Gente pobre também tem direito a um belo final de semana. Mas vou deixar tudo arrumadinho. - responde Cacilda. 
Eles haviam escolhido Búzios, para passar o fim de semana e a empregada de confiança, sua casa, para onde levara toda a família. 
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Ilza enviou o final da crônica de Moacyr Scliar:

Quando abriram a porta do apartamento, quase desmaiaram: o living estava cheio de gente, todo mundo dançando no meio de uma algazarra infernal. Quando ele conseguiu se recuperar da estupefação procurou a empregada:

- Mas que é isso, Elcina? Enlouqueceu?

Aí um simpático mulato interveio: que é isso, meu patrão, a moça não enlouqueceu coisa nenhuma, estamos apenas nos divertindo, o senhor não quer dançar também? Isso mesmo,  gritava o pessoal, dancem com a gente.
O marido e a mulher hesitaram um pouco; depois- por que não, afinal a gente tem de experimentar de tudo na vida- aderiram à festa. Dançaram, beberam, riram. Ao final da noite concordavam com o mulato: nunca tinham se divertido tanto.
No dia seguinte, despediram a empregada. 
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Sobre o autor:

Moacyr Jaime Scliar escritor brasileiro nascido em Porto Alegre em 1937, onde faleceu em 2011. Formado em Medicina, trabalhou como médico especialista em saúde pública e professor universitário. Sua prolífica obra consiste em contos, romances, ensaios e literatura infanto juvenil. Também ficou conhecido por suas crônicas publicadas nos principais jornais do país.

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                                     Por Adele

2 comentários:

  1. Desafio feito, missão cumprida. Aqui está o final que criei,Ilza.

    O que viram? Inacreditável! Na sala dois rapazinhos, com copos de cerveja na mão, em frente ao aparelho de TV novinho que o marido comprara, comemoravam o gol do time preferido. Reconheceram neles os meninos da serviçal. Adentraram. Risos e um cheirinho convidativo os levaram para perto da piscina onde três crianças, os filhos menores da empregada, felizes da vida, davam mergulhos acompanhados do Flictz, o pet de Marina, sua filha mais velha que saíra de férias com os avós. Na grelha da churrasqueira uma fila de gominhos de linguiça toscana à espera de ávidos devoradores justificava o odor que os encaminhou até ali.
    - Cacilda! O que é isso?-esbravejou a dona da casa quando, de dentro da sauna, saem a empregada com o robe da patroa e uma toalha enrolada na cabeça, e Jonas, com o roupão preferido de seu marido.
    - Gente pobre também tem direito a um belo final de semana. Mas vou deixar tudo arrumadinho. - responde Cacilda.
    Eles haviam escolhido Búzios, para passar o fim de semana e a empregada de confiança, sua casa, para onde levara toda a família.

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  2. Ótimo seu final, Adele, estou dando risada até agora,kkkkkkkkkkk.Até eu fiquei com vontade de ser a empregada e curtir a casa da Patroa. Aguarde 4a. Feira e verá o que Moacir Sclyar escreveu.

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