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Livro: " Os cem melhores poemas brasileiros do século" seleção: Ítalo Moriconi

"Os cem melhores poemas do século" seleção Ítalo Moriconi, Editora Objetiva Ltda., 2001


Vamos iniciar hoje um trabalho de comentário do livro acima citado, postando também alguns dos poemas selecionados por Ítalo Moriconi e que mais nos emocionam.
Um dos critérios do autor, segundo ele mesmo definiu, foi a "essencialidade do poema", ou seja, "a capacidade de um poema ser exemplar dentro do seu gênero específico". Em nosso caso, devido às configurações do blogger, optamos também por poemas mais curtos e de acordo com nossa proposta: aqueles que nos provocaram ( e ainda provocam) uma funda emoção.



                                               I
                         Primeira parte

                         Abaixo os puristas

                         A base está na revolução modernista de 1922.
                         "Abaixo os puristas" quer dizer: 
                          rompimento com a tradição,
                          com a perfeição da língua,
                          com os clássicos,
                          com os temas batidos
                          e nunca renovados.
                          A poesia passa a ser porta-voz
                          das emoções,
                          mesmo aquelas que causam
                          desconforto e que nos incomodam. 




Poema I

No meio do caminho

Carlos Drummond de Andrade (pg 71)


                         
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.



O poema chocante para minha geração! O primeiro susto, ao sair dos poemas organizados em métrica, rima, temas conhecidos...que seria isto? Um novo caminho? Uma outra visão dos fatos?                                                                           Despertar de coisas novas, sentimentos desconhecidos, vibração pelo inusitado. A vida exposta sem enfeites na poesia nossa de cada dia.


Poema II                                                                                            

Poema do Beco

Manuel Bandeira ( pg 41)

Que importa a paisagem, a Glória, a baía,                                        
a linha do horizonte?
_ O que eu vejo é o beco.

( Diante deste poema,
o que poderíamos dizer,
pensar ou sentir?
Abaixo os cartões postais,
com a perfeição das cores
e suas montagens.
O beco.
As profundezas que incomodam
a alma humana....
A poesia buscava arrastar-nos para nós mesmos.)


III

Sobre um mar de rosas que arde

Pedro Kilkerry ( pg 43)                                                

Sobre um mar de rosas que arde
em ondas fulvas, distante,
erram meus olhos, diamante,
como as naus dentro da tarde.

Asas no azul, melodias,
e as horas são velas fluídas
da nau em que, o! alma, descuidas
das esperanças tardias.

( De Pedro Kilkerry podemos dizer que foi um precursor do Modernismo. Vejam como as palavras fluem em encantamento. 
Quem disse isto antes? Um mar de rosas que arde, asas no azul, nau das esperanças tardias... Poema lindíssimo do início do século passado.)

Continuaremos comentando as fases da Poesia, como foram selecionadas em nosso livro, na próxima semana. Até lá! Se você quiser enviar-nos alguns poemas que fazem parte de sua seleção pessoal, serão recebidos com o maior prazer. Compartilhe conosco suas emoções!
                                                                                                                                                                 Amora.doce
         

Um comentário:

  1. Oie Amora sou fã de Drummond e vou deixar aqui parte de um poema dele que adoro também:
    DESEJOS
    Desejo a vocês...
    Fruto do mato
    Cheiro de jardim
    Namoro no portão
    Domingo sem chuva
    Segunda sem mau humor
    Sábado com seu amor
    Filme do Carlitos
    Chope com amigos
    Crônica de Rubem Braga
    Viver sem inimigos
    .......................
    .....................
    Tocar violão para alguém
    Ouvir a chuva no telhado
    Vinho branco
    Bolero de Ravel
    E muito carinho meu.

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