A poesia desvenda o emocional e o ciúme aparece nos poemas sob diferentes ângulos...
Shakespeare classifica o ciúme de monstro pois o homem que ama e duvida padece torturas infernais.
Meus Senhor,
livrai-me do ciúme!
É um monstro de olhos verdes,
que escarnece
do próprio pasto
que o alimenta.
Quão felizardo
é o enganado que, cônscio de o ser,
não ama sua infiel!
Mas que torturas infernais
padece o homem que,
amando,
duvida e,
suspirando,
adora.
William Shakespeare
Para Vinícius de Moraes, neste poema-canção o ciúme é imperdoável, é um "mal de raiz"...com ciúmes ninguém pode ser feliz...
Medo de amar
Vinícius de Moraes
Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor
Para Hilda Hilst, no poema abaixo, o ciúme é uma parte natural do amor, antiga, como tintas que dão colorido às paixões...
III- Se a tua vida se estender
Hilda Hilst
Se a tua vida se estender
mais do que a minha
lembra-te, meu ódio-amor,
das cores que vivíamos
quando o tempo do amor nos envolvia.
Do ouro. Do vermelho das carícias.
Das tintas de um ciúme antigo
derramado
sobre o meu corpo suspeito de conquistas.
Do castanho de luz do teu olhar
sobre o dorso das aves. Daquelas árvores:
estrias de um verde-cinza que tocávamos.
E folhas da cor das tempestades
contornando o espaço
de dor e afastamento.
Tempo turquesa e prata
meu ódio-amor, senhor da minha vida.
Lembra-te de nós. Em azul. Na luz
da caridade.
da caridade.
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