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Chatear e Encher

                                                                      Paulo Mendes Campos
Um amigo meu me ensina a diferença entre chatear e encher. Chatear é assim: você telefona para um escritório qualquer da cidade.
- Alô! Quer chamar por favor o Valdemar?
- Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí alguns minutos você liga de novo:
- O Valdemar, por obséquio.
- Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
- Mas não é o número tal?
- É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar.
Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
- Por favor, o Valdemar já chegou?
- Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo do Valdemar nunca trabalhou aqui?
- Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
- Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
- Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado?

Fonte:  Para gostar de ler. Vol. 5. São Paulo: Ática, 1990.
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Como você concluiria esse texto? Coloque sua ideia no espaço dos comentários e veja, na próxima semana, como o fez Paulo Mendes Campos
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Até aqui é chatear. E a Amora concluiu o texto nos dizendo o que é encher:
-"Vai para o meio do inferno! Você me chateou, agora encheu!"
-"Compreendo,amigo, mas se o Valdemar chegar, por favor, diga a ele que liguei, está bem?"
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O final criado pela Pandorah:
-Sim, o Valdemar deixou recado...é para você ir encontrá-lo no quintusdusinfernus!

- Blz, tô indo . Você me mostra o caminho?

- @!!*#/*!!☼...tum, tum..tum... .
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A conclusão do autor:
O outro desta vez esquece a presença da digitadora e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
- Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim?
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Sobre o autor:
Paulo Mendes Campos nasceu a 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte - MG, filho do médico e escritor Mário Mendes Campos e de D. Maria José de Lima Campos. Começou seus estudos na capital mineira, prosseguiu em Cachoeira do Campo (onde o padre professor de Português lhe vaticinou: "Você ainda será escritor") e terminou em São João del Rei. 
Começou os estudos de Odontologia, Veterinária e Direito, não chegando a completá-los. Seu sonho de ser aviador também não se concretizou. Diploma mesmo, gostava de brincar, só teve o de datilógrafo. Muito moço ainda, ingressou na vida literária, como integrante da geração mineira a que pertence Fernando Sabino e pertenceram os já falecidos Otto Lara Resende, Hélio Pellegrino, João Ettiene Filho e Murilo Rubião. Em Belo Horizonte, dirigiu o suplemento literário da Folha de Minas e trabalhou na empresa de construção civil de um tio. 
Veio ao Rio de Janeiro, em 1945, para conhecer o poeta Pablo Neruda, e por aqui ficou. No Rio já se encontravam seus melhores amigos de Minas — Sabino, Otto, e Hélio Pellegrino. Passou a colaborar em O Jornal, Correio da Manhã (de que foi redator durante dois anos e meio) e Diário Carioca. Neste último, assinava a "Semana Literária" e, depois, a crônica diária "Primeiro Plano". Foi, durante muitos anos, um dos três cronistas efetivos da revista Manchete. 
Admitido no IPASE, em 1947, como fiscal de obras, passou a redator daquele órgão e chegou a ser diretor da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. 
Em 1951 lança seu primeiro livro, "A palavra escrita" (poemas). 
Fonte: http://www.releituras.com/pmcampos_bio.asp
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                     Por Adele

4 comentários:

  1. -"Vai para o meio do inferno! Você me chateou, agora encheu!"
    -"Compreendo,amigo, mas se o Valdemar chegar, por favor, diga a ele que liguei, está bem?"

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    1. Depois dessa insistência, só mandando para o "meio do inferno" mesmo, Amora.

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  2. _Sim, o Valdemar deixou recado...é para você ir encontrá-lo no quintusdusinfernus!
    _ Blz, tô indo . Você me mostra o caminho?
    _ @!!*#/*!!☼...tum, tum..tum... .

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    1. Concordo com você, Pandorah. Pro "quintudusinfernos!" é o melhor lugar para mandar quem, além de chatear, enche.

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