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Poemas na fronteira do Milênio

Pós- Modernismo


Para compreender os rumos da Poesia após a década de 60, é preciso conhecer o mundo pós-guerra em sua História. As grandes ideologias estavam desmontadas: fascismo, nazismo, stalinismo, toda espécie de "ismos"...A abertura que lentamente se instalava nos países socialistas, mostrava a decepção com regimes controladores: a liberdade seria a opção do momento, a oposição ao passado, a desconstrução da realidade... Daí, o surgimento de novos rumos artísticos e estéticos, como "Flower power",  "New-age", Pop-Art" e muitos outros.






São características da arte nestes tempos: o ecletismo ( mistura de elementos expressivos de todos os estilos), a linguagem da decomposição, a imaginação, a velocidade e a efemeridade, ou seja, a pequena duração das obras, a incorporação dos novos meios de comunicação de massa e  da tecnologia. O movimento mundial no sentido destas características chega ao Brasil...atinge a poesia. " A poesia incorpora o impuro, o pequeno, o obsceno" afirma Ítalo Moriconi. ainda que os poetas sejam os mesmos, com a mudança dos tempos, muda a linguagem, mudam os temas, muda a maneira de encarar a vida.



Que tal Carlos Drummond de Andrade nos anos 80?

Ver e ouvir, sem brincar
Carlos Drummond de Andrade

Ninguém pergunta mais:
Você vai brincar no carnaval?
Brincar, irmão, quem pode brincar
se perdida foi a ideia de brinquedo?
Alguns ainda  perguntam:
-Como é? Vai pular no carnaval?
Então é isso a festa: um pulo
e outro e mais outro? Neste caso,
campeoníssimo seria o João do Pulo.
O que ouço dizer é simplesmente:
- Vai ver o Carnaval?
Conclusão, anos 80:
Carnaval 
é o visual.


E por falar em poemas mínimos, a mínima linguagem, o que acha deste?

Argumento
Francisco Alvim

Mas se todos fazem


Realmente, concordemos com o poeta. Qualquer outra palavra torna-se desnecessária.


E, às vezes, junta-se o poema à imagem:






Não importa se o poema é mínimo, com pouquíssimas palavras. Ele pode ser muito forte. Como o que vem a seguir...


Negro forro

Adão Ventura

minha carta de alforria
não me deu fazendas,
nem dinheiro no banco,
nem bigodes retorcidos.

minha carta de alforria
costurou meus passos
aos corredores da noite
de minha pele.








Adriano Espínola, Prêmio 2007 de Poesia da Academia Brasileira de Letras, tem leveza e concisão como características poéticas, reinventa experiências e sensações; é cearense: recria para nós a imagem do jangadeiro, oferecendo-nos a sua experiência sensorial, mesclada á sua memória.



                                                                                                                


O jangadeiro

Adriano Espínola

Jangadas amarelas, azuis, brancas,
logo invadem o verde mar bravio,
o mesmo que Iracema, em arrepio,
sentiu banhar de sonho as suas ancas.
Que importa a lenda, ao longe, na história,
se elas cruzam, ligeiras, nesse instante,
o horizonte esticado da memória,
tornando o que se vê mito incessante?
As velas vão e voltam, incontidas,
sobre as ondas ( do tempo). O jangadeiro
repete antigos gestos de outras vidas
feitas de sal e sonho verdadeiro.
Qual Ulisses, buscando, repentino,
a sua ilha, o seu rosto e o seu destino.

Maravilhoso! Lindíssimo poema!!!)





     





















  Postado por Amora.doce 

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