Anoitecer
A roda do último carro faz sua última volta.
Os búfalos entram pela sombra da noite,
onde se dispersam.
As crianças fecham os olhos sedosos.
As cabanas são como pessoas muito antigas,
sentadas, pensando.
Uma pequena música toca no fim do mundo.
Uma pequena lua desenha-se no alto céu.
Uma pequena brisa cálida
flutua sobre a árvore da aldeia
como o sonho de um pássaro.
Oh, eu queria ficar aqui, pequenina.
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Estudantes
Derramam-se as estudantes pela praça,
num lampejo de sedas e braceletes;
cestas de flores,
tapete aberto,
caleidoscópio.
Saltam as tranças luzentes,
desenrolam-se os véus,
ofegam as blusas com cores de pedras preciosas.
O vento incha e enrodilha os vastos calções franzidos...
Plasma nos corpos adolescentes panos tenuíssimos.
E o sol ofusca os negros olhos cingidos de colírio.
Grande festa na rua matinal,
sob árvores imensas,
entre tabuleiros de bétel
e grãos amarelos.
As estudantes falam com gestos delicados,
com atitudes de estátua,
enleadas em pulseiras,
e nas mãos com ideogramas de dança,
levantam cadernos, esquadros,
num bailado novo:
e medem a vida
e descrevem o universo.
Que mundo construirão?
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