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Mais um clássico de Castro Alves

Com diferenças e criatividade



Depois de Navio Negreiro, que postamos da última vez e que mostra o intuito social de Castro Alves ao denunciar o tráfico humano e a escravidão, mostremos um lado romântico e de amor à natureza neste poema que ele intitulou "A duas flores". Qualquer estudante desavisado poderia tentar fazer uma correção no título, considerando que o artigo "A" deveria estar no plural, entretanto foi assim mesmo que Castro Alves desejou escrever seu título, no singular, para demonstrar a profunda união entre as flores, ou seja, duas como se fossem uma só. 






A Duas Flores

São duas flores unidas,
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho do céu…
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar…
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas… Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rodas da vida,
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!



Observem a utilização de comparações ( figuras de linguagem), quando o poeta faz-nos lembrar do que se nos apresenta em dupla: as asas dos pássaros, o casal de rolinhas, as covinhas da face, as estrelas do mar...e depois, traz estas imagens para o seu próprio emocional, que suspira pelo amor...




Postado por Amora.doce


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